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Educação financeira

O que é o Open Finance e o que você tem a ver com isso?

Você já entrou em um aplicativo financeiro e deu de cara com o termo Open Finance, mas não tem ideia do que ele significa? Alguma solução já pediu suas credenciais bancárias e você teve medo de continuar o compartilhamento de dados?

Neste artigo, vou explicar o Open Finance sem complicação, desde seu surgimento, regulamentação no Brasil e como ele é aplicado na prática.


Onde tudo começou

O Open Banking surgiu no Reino Unido, por meio da CMA (Autoridade de Concorrência e Mercados), que visava trazer mais competitividade ao mercado financeiro. Pois percebeu que os bancos não tinham motivações para inovarem e lutarem por seus clientes.

Com isso, foi regulado que os nove maiores bancos cumprissem uma série de normas.

Surgiram duas possibilidades:

  • O direito do consumidor de solicitar a terceiros que efetuassem seus pagamentos (Serviços de Iniciação de Pagamento);
  • O direito do consumidor de consentir que terceiros acessassem seus dados financeiros (Serviços de Informação de Contas). 

 

Open Finance na prática

No Brasil, o Open Banking é uma iniciativa do Banco Central que defende um sistema financeiro aberto, ou seja, mais transparência entre as diversas instituições, seus produtos e serviços. Parece super complicado, mas não é!

De maneira simples, uma pessoa com conta em um banco X pode solicitar uma concessão de crédito no banco ou fintech Y. Porque acha mais interessante em termos de taxas e juros.

Antes do Open Finance, esse processo seria demorado e cheio de fricções aos usuários, que deveriam requisitar uma série de documentos ao banco X e enviar para o banco Y.

Com o OF, com alguns cliques você compartilha os dados necessários para a análise, tudo isso de uma forma transparente, segura e sem problemas de compliance

Na prática, isso significa que, com expressa autorização e consentimento dos usuários, uma instituição de crédito, por exemplo, seja ela uma fintech ou grande corporação, poderá analisar o risco de concessão por meio dos seus dados financeiros atuais.

Mas, sem necessariamente precisar envolver scores de crédito no processo, dado que esses por vezes não relatam a realidade financeira do usuário, seja por uma conta não paga há muito tempo ou um engano no processo de pagamentos. 

 

Vantagens para os consumidores

Além da competitividade que o sistema propõe, que pode influenciar na qualidade e personalização de produtos, o Open Finance dá autonomia de escolha ao usuário.

Espera-se que o Open Finance inclua 4,6 milhões pessoas no mercado de crédito, segundo dados do Serasa Experian. Além de injetar R$760 bilhões na economia.

E mais: há uma perspectiva de aumento na capacidade de pagamento do consumidor, tendo em vista a clareza na avaliação de risco, que passa de uma média de R$929 para R$1.391, ou seja, um aumento de 49%.

Para mais, o Instituto Locomotiva aponta que 34 milhões de brasileiros ainda não têm acesso a bancos. No momento de uma requisição de crédito, empréstimo ou financiamento, o acesso é restrito, dada a falta de histórico para análise.

Por isso, o Open Finance pode-se fazer tal estudo baseando-se em dados de boletos e contas, aplicativos de gig economy, como Uber e Rappi, entre outros. A ampliação do acesso a serviços financeiros encontrará um grande aliado.

Além disso, trata-se também de educação financeira. Segundo pesquisa do C6 Bank/Ipec, brasileiros com acesso à internet mantêm em média 3,62 contas em bancos e instituições financeiras ao mesmo tempo. Na classe A, esse número chega a 5,53, enquanto na classe C atinge em média 3,38.

Ter um verdadeiro controle financeiro nesse cenário se torna caótico, pois requer disciplina para olhar diferentes tipos de gastos e entradas, compilar tudo isso e ter uma visão ampliada para tomada de decisões mais assertivas.

 

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A facilidade do mundo financeiro

Com o Open Finance, os famosos aplicativos de gestão financeira pessoal se tornam ainda mais simples. Pois não há mais a necessidade de incluir dados manualmente.

Por meio da conexão de contas do Open Finance, o usuário concede seus dados financeiros e tem acesso a uma visão 360° de suas finanças

Em um futuro próximo, aplicativos como esse, utilizando inteligência artificial, ajudarão as pessoas a terem mais controle de suas finanças e alcançarem maior bem-estar financeiro.

E mais: novas modalidades de pagamento para facilitar a vida dos consumidores. O próprio Pix surgiu enquanto uma iniciativa do Banco Central e faz parte do mesmo planejamento e regulamentação do Open Finance. Mas a inovação não para nele.

O próprio sistema do Pix está evoluindo, e agora temos o Pix Crédito e o Pix Garantido, opções que são ótimas tanto para consumidores quanto para vendedores.

E temos também o Pagamento Recorrente Variável, que já está começando a ser aplicado lá no Reino Unido, e que com certeza deve chegar ao Brasil em breve.

Ele é uma evolução do Débito Direto, que usa o Open Finance para ser muito mais seguro, prático e com benefícios para consumidores e empresas. 

 

É seguro compartilhar dados no Open Finance? 

É claro que segurança é um ponto fundamental aqui. Compartilhar dados bancários e financeiros é sempre uma preocupação, pois são informações extremamente pessoais, importantes e sensíveis. 

Eu gosto de dizer que o Open Finance é uma segmentação da Lei Geral de Proteção de Dados, a famosa LGPD, queridinha por muitos.

Isso porque a LGPD tem como base você ser o dono dos seus dados. E o Open Finance tem como base você ser dono dos seus dados financeiros, não mais os bancos em que você tem suas contas. 

Além disso, o Open Finance é regulado pelo Banco Central. O que significa que todas as empresas que atuam nesse mercado, como fornecedores de APIs ou construindo as suas próprias internamente, precisam seguir uma série de normas e regras com o tratamento, transporte e armazenamento. 

Falando um pouco mais tecnicamente, por exemplo, na Pluggy usamos uma combinação do Padrão de Criptografia Avançada (AES 256) e uma Camada de Segurança de Transporte (TLS) para manter os dados seguros, provendo uma infraestrutura em linha com os mais altos padrões do  mercado.

Então, sim! É seguro compartilhar seus dados. 

Além de seguro e transparente, o Open Finance traz a possibilidade de uma verdadeira revolução no mercado financeiro como conhecemos hoje, trazendo-o muito mais próximo dos clientes finais, com soluções personalizadas e que de fato resolvam suas dores. 

Autoria: Bruno Loiola

Bruno Loiola é cofundador e responsável pelo crescimento da Pluggy, fintech de infraestrutura de Open Finance no Brasil. Ele atua com Open Banking desde 2016 na Europa com a expansão das fintechs Salt Edge (UK), uma das maiores provedoras de tecnologia para Open Banking na Europa e Moven (EUA), fintech de gestão financeira pessoal e smart banking. É formado em Ciências da Computação pela Universidade Federal de São Carlos e possui um MBA na IE Business School de Madri, na Espanha.